Transfusões sanguíneas e as possíveis reações transfusionais
As transfusões sanguíneas podem realmente salvar a vida de um animal. No entanto, o risco de possíveis reações tem de ser levado em conta, exigindo uma monitorização intensiva nos primeiros 30 minutos de transfusão, período durante o qual a velocidade de transfusão deverá ser lenta. Desta forma, o risco pode ser diminuído e as reações precocemente identificadas. A percentagem de reações adversas em cães e gatos é, sensivelmente, 2,5 % e 2 %, respetivamente.
As reações transfusionais podem ser classificadas como imunomediadas (devido à interação Ac-Ag) ou não imunomediadas (devido, por exemplo, a contaminação, manuseamento impróprio ou ativação de citoquinas no sangue a ser transfundido); estas últimas são independentes do estado imunológico do receptor e não necessitam de sensibilização prévia. As reações podem, ainda, ser classificadas como agudas (durante a transfusão até poucas horas depois) ou retardadas (após dias ou semanas).
As tabelas seguintes resumem os vários tipos de reações apresentadas, o seu tratamento e métodos de prevenção.
As reações transfusionais são classificadas em:
Imunológicas
Não imunológicas
As reações imunológicas podem ser agudas ou tardias.
1. Imunológicas agudas
1.1 Hemolítica aguda
A principal e a mais temida é a reação transfusional hemolítica aguda devido à incompatibilidade entre os grupos sanguíneos. Caracterizada por uma hemólise aguda que se manifesta, normalmente, na primeira meia hora de transfusão podendo levar o animal a óbito em conseqüeÌ‚ncia de uma insuficiência renal que se instala.
Manifestações clínicas: febre, taquipnéia, taquicardia, êmese, hipotensão, urina de coloração escura (hemoglobinúria), oligúria, choque. Prevenção: teste de compatibilidade e/ou tipagem sanguiÌnea antes da realização da transfusão.
O uso de medicamentos como corticóides não previnem este tipo de reação. A severidade da reação é diretamente proporcional ao número de hemácias transfundidas sendo assim é recomendado que a administração seja bem lenta na primeira meia hora (0,25 mL/kg/h). Monitorar a transfusão principalmente em relação à temperatura corpoÌrea cuja elevação é o primeiro sinal de manifestação.
Tratamento (suporte):
Interromper a transfusão
Fluidoterapia
Monitorar fluxo urinário (> 1-2 mL/kg/h)
Oxigenioterapia
Diuréticos (em caso de oligúria)
Antieméticos
Dexametasona:1 mg/kg (para minimizar as manifestações clínicas)
1.2 – Reações transfusionais não hemolíticas febris
Resultam de reações imunomediadas contra leucócitos, plaquetas e proteínas. Clinicamente, são definidas quando há a elevação de 1 °C da temperatura corpórea durante a transfusão. A fisiopatologia destas reações não está totalmente elucidada.
Podem ser manifestadas com a administração de sangue total ou de componentes sanguíneos como o plasma e o concentrado de plaquetas. Além da febre, podem ocorrer manifestações clínicas como urticária, angioedema, prurido, êmese, diarréia, dispnéia e mais raramente anafilaxia. Tratamento: Interromper a transfusão.
Difenidramina: 0,5 – 1 mg/kg/SC ou IM (não administrar IV) Dexametasona: 0,5-1 mg/kg SC, IM ou IV
2. Imunológicas tardias
Caracterizadas, principalmente, por uma hemólise tardia em consequência da redução da vida média das hemácias transfundidas. O período médio esperado das hemácias transfundidas é de 21 a 48 dias. A hemólise tardia resulta de uma vida média das hemácias de 2 a 5 dias.